segunda-feira, 3 de agosto de 2015

Histórico da comunidade-igreja Três Mártires escrito em 2007.


HISTÓRICO DO INÍCIO DA CAPELA TRÊS MÁRTIRES
(1ª ata na integra)
       Na Linha Bento Gonçalves nesta Paróquia, fundou-se no ano de 1942 a Capela dedicada aos Três Mártires Riograndenses, construída sobre uma parte do lote número 25, adquirida por compra do senhor Augusto Hamn. A capela inaugurada em 8 de novembro de 1942 tem como sócios fundadores as seguintes pessoas: Francisco Licks, Antonio Grizon, Alberto Ghering, Miguel Loch, Mateus Simioni, Renato Busatto, José Ghidolin, Pedro Ghidolin e João Ghidolin tendo contribuído os mesmos nas seguintes ofertas: Francisco Licks, toda a madeira da Capela, com exceção das vigas e taboinhas; os demais contribuíram com a quantia de Rr$ 100,00 e 30 dias de trabalho de cada um. Pouco tempo depois foi construído o cemitério ao lado da Capela com a madeira toda doada pelo Sr. Francisco Licks e o trabalho dos demais sócios.
Outros sócios
     José Loch – 1942, Alzirico Honor Licks, Miguel Guidolin e Alexandre Guidolin – 1946, Adolfo Voll, Arnito Pletch, Alberto Bristot, Marcos Mansardo, Arthur Brandalise, Livino Ferro e José Câmara – 1947.
Informações de pessoas antigas sobre as construções
      A escolha do local se deu por ser de distância média entre os sócios da Capela e por ser um lugar alto.
     Renato Busatto doou um pinheiro para serem feitas as taboinhas do coberto da Capela.
     As pedras da escada, os cepos e as vigas foram doadas pelos sócios.
     A cruz central do cemitério é de madeira de canjerana, doada por Mateus Simioni.
     A construção da Capela foi feita pelos irmãos Tacca, juntamente com os sócios.
     O salão foi feito alguns anos depois, era um barracão aberto.
      O sino foi comprado em 1950, da fábrica de J. Bellini e Filhos Ltda, Porto Alegre – RS, no valor da época de R$ 9.958,00, equivalente ao lucro de aproximadamente 5 festas da época.
Situação e costumes das famílias e da comunidade no passado
     A Linha Bento Gonçalves, onde está localizada a comunidade de Santos Três Mártires, era uma linha de colonização diversificada: italianos, poloneses e alemães, estes na grande maioria, da Igreja Luterana. Os moradores sempre tiveram uma convivência tranqüila frente às diferentes crenças.
     Os nascimentos eram em casa, feitos por parteiras, muito tempo depois, com o Hospital São João Batista em funcionamento os nascimentos passaram a ser no hospital.
     No cemitério havia um local separado, onde eram colocadas as pessoas falecidas, geralmente crianças, que não haviam sido batizadas
     Havia muitas mortes de crianças, devido à falta de condições de acesso a médicos, pois os cuidados com a saúde eram difíceis.
     O transporte era basicamente com animais, poucos tinham veículo.
     Os recursos para as construções da Capela foram todos dos sócios, mesmo assim com o que dispunham em suas propriedades, principalmente madeira.
     O tempo dedicado para trabalhos em construções da comunidade era tirado do necessário aos seus trabalhos particulares.
     Nas primeiras festas não era feito almoço, somente churrasco e uma porção de carne ao molho com pão, que eram vendidos aos visitantes.
     A escolha dos Três Mártires, como padroeiros da comunidade, foi motivada pelo padre da época, Mascarello, por não ter nenhuma com este nome na região. Foram padres jesuítas, brutalmente assassinados durante o seu trabalho de evangelização, na cidade de São Miguel das Missões – RS. O nome dos padres era Roque Afonso e João.
Algumas anotações da época chamam atenção
     A comunidade comprava conjunto de lages para sepulturas, quando alguém precisava, com urgência, era disponibilizado. Após a família devolvia.
     O caixa da capela funcionava como um banco, onde ora as famílias emprestavam dinheiro para a comunidade, hora a comunidade emprestava dinheiro para as famílias.
     As famílias tinham facilidade e disponibilidade de participação na comunidade.
     Determinadas famílias recebiam pagamento da comunidade, para servir refeições ao padre, quando ele ia rezar a missa.
     A comunidade comprou um altar. Foi quando os padres começaram a celebrar a missa de frente para os participantes. Não mais de costas.
     A catequese, na maioria das vezes acontecia na casa da catequista.
     As visitas do bispo eram sempre preparadas e aguardadas com muito empenho.
     A comunidade tinha o terço nos domingos.
     Toda a comunidade se encontrava, praticava esportes, o futebol, bocha e cartas. O bar sempre funcionou.
     As dependências da comunidade sempre estiveram à disposição da comunidade para os trabalhos do sindicato, cooperativa, prefeitura, emater, partidos políticos.
     As primeiras aulas foram dadas na Capela.
     A comunidade sempre foi unida e trabalhadora, teve seu maior número de participantes entre os anos de 1970 e 1980, após muitos jovens saíram do local.
A comunidade na atualidade
     Mais recentemente foi construído um salão maior de alvenaria, uma grande parte deste novo salão foi construído na terra de Lorena Ghering, doada para a comunidade com esta finalidade.
     A capela também foi restaurada.
     A comunidade tem uma maioria de idosos.
     É uma comunidade relativamente próxima da sede do município.
     As pessoas da comunidade são de boa convivência.
     O padrão econômico da maioria é razoável.
     Nas festas do padroeiro, a comunidade é muito participativa. Nas missas mensais a participação é boa. Nas outras programações religiosas, como culto semanal, a participação deixa a desejar.
     O meio ambiente na comunidade está relativamente cuidado, há consciência e esclarecimento quanto a sua importância.
     Achamos que a comunidade deve promover um encontro onde as pessoas levem fotos e possíveis documentos para ser feito um levantamento histórico.
     A comunidade precisa ter muita atenção com o meio ambiente.
     Precisamos conservar nossa capela de madeira, ela é muito do nosso passado e, com certeza, será muito do nosso futuro.
(Histórico escrito no ano de 2007, com provável participação de Hermes Lauro Magoga e Heitor Dionízio Magoga. Quem mais ajudou a escrever? Digitado segundo original por Hermes Lauro Magoga em agosto 2015 para disponibilizar e guardar.)

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